Caros leitores, mais uma vez aqui estou a escrever-vos [NR: artigos anteriores desta série aqui e aqui]. E se escrevo é porque me impele a força da Palavra de Deus, que me leva a não guardar para mim as maravilhas que o Senhor nos revela quando lemos e meditamos a BÍBLIA. É extraordinário verificar como o Senhor nos fala através dela ainda hoje.
Trata-se de uma caminhada que vale a pena fazer, reparando como a mesma leitura feita em tempos diferentes nos dá uma luz conforme o Espírito Santo entende que nos deve conduzir na hora precisa em que nos debruçamos com fé sobre a Sagrada Escritura. O que perdemos por não fazermos um estudo sério da Palavra de Deus! Não nos esqueçamos que Ele é a única fonte de onde podemos beber a água viva que mata as nossas sedes… e como andamos sedentos!
No Antigo Testamento, o Povo de Deus depressa esquecia os milagres e maravilhas que Deus fazia em seu favor. Escravos no Egipto, Deus os libertou abrindo o Mar Vermelho para que se tornasse caminho de libertação. Isto é só um exemplo entre tantos prodígios que Deus realizou a favor do seu Povo. Mas este Povo, tal como nós hoje, esquecia-se dos benefícios e só via os problemas que iam surgindo e os sacrifícios que era necessário fazer para chegar à Terra Prometida… e lá regressava a tentação dos falsos deuses que o Verdadeiro Deus abominava.
Quando Moisés morreu, ficou Josué à frente do povo e fez-lhe relembrar tudo o que se tinha passado. “Se vos desagrada servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram no outro lado do rio ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor” (Js 23,15).
Convido os meus leitores a fazer uma leitura do livro de Josué, pois é impossível transcrever aqui tudo em pormenor. Mas recuperemos a sua pergunta, endereçando-a agora a cada um de nós.
A quem queremos servir, ao Senhor ou ao nosso comodismo? Todos nós sabemos o que custa servir ao Senhor e renunciar ao que mais nos agrada. Não sei o que pensais, mas eu, sinceramente, confesso que estou longe, embora diga que sim com a boca… E o coração? E a vontade? E as mil e uma tentações? Mais tarde, a mesma pergunta é dirigida a todos os Apóstolos. E a resposta cabe a Simão Pedro: «Jesus disse aos Doze: ‘Vós também quereis ir embora?’ Simão Pedro respondeu: ‘A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna.’» (Jo 6,67-68). Até hoje os cristãos e a Igreja repetem a mesma palavra de Pedro.
Agora vou citar o Papa Francisco: “Mas não tenho ídolos em casa. Não tens? E no teu coração? A pergunta que hoje devemos fazer é: qual é o ídolo que tens no teu coração, que tenho no meu coração? Aquela saída escondida onde me sinto bem, que me afasta do Deus vivo? E com a idolatria temos também uma atitude muito astuta: sabemos esconder os ídolos, como fez Raquel quando fugiu do seu pai, escondendo-os na sela do camelo e no meio das roupas. Também nós escondemos muitos ídolos nas dobras do nosso coração. A pergunta que gostaria de fazer hoje é: qual é o meu ídolo? Aquele meu ídolo da mundanidade… e a idolatria chega até à piedade, pois eles queriam o bezerro de ouro não para fazer um circo: não! Para adorar. “Prostraram-se diante dele”. A idolatria leva-te a uma religiosidade errada; aliás, muitas vezes a mundanidade, que é uma idolatria, faz-te mudar a celebração de um sacramento numa festa mundana. Um exemplo: uma celebração de casamento. Já não sabemos se é um sacramento onde realmente os recém-casados dão tudo e se amam diante de Deus e prometem ser fiéis perante Deus e recebem a graça de Deus, ou se é um desfile de modelos, como uns e outros estão vestidos… a mundanidade. É uma idolatria. Este é um exemplo. Porque a idolatria não se detém: segue sempre adiante. A pergunta que hoje gostaria de fazer a todos nós, a todos, é: quais são os meus ídolos? Cada um tem os seus. Quais são os meus ídolos. Onde os escondo. E que o Senhor não nos encontre, no final da vida, e diga de cada um de nós: “Tu corrompeste-te. Tu afastaste-te do caminho que eu tinha indicado. Prostraste-te diante de um ídolo”. Peçamos ao Senhor a graça de conhecer os nossos ídolos. E se não conseguirmos eliminá-los, que pelo menos os deixemos de lado… Também diante do pecado dos outros faz-se necessário perguntar a quem queremos servir: às circunstâncias ou à verdade!”
Afinal a quem queremos servir? Eu digo como Josué: “Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor.” Porque só Ele tem palavras de vida eterna.