Quinta-feira, 21 Setembro, 2023
Inicio Artigos Da Barra Eutanásia – Lei dos Homens vs. Lei de Deus

Eutanásia – Lei dos Homens vs. Lei de Deus

Na tentativa de me ajudar a advogar esta temática, invoquei Santo Ivo de Kermartin, santo católico padroeiro dos advogados. O que diria este santo e advogado sobre a querela da eutanásia, enquanto homem católico e enquanto homem das leis?

Sem dúvida, é uma questão que requer especial reflexão, e a problemática deve ser abordada de forma neutra.

É de salientar que vivemos num Estado laico, ou seja, o Estado é imparcial em relação às questões religiosas. Quanto a nós, independentemente da nossa religião, temos de saber conviver com a lei pela qual se rege a nossa sociedade, sem deixar de lado as nossas crenças. De facto, não é tarefa fácil! Deus coloca os maiores desafios nas nossas vidas.

Do ponto de vista legal, a nossa Constituição reconhece uma série de direitos imprescindíveis, e quando falamos neles surge de imediato o Direito à Vida.

O quesito, eutanásia, já foi debatido e reprovado várias vezes, mas como diz o ditado popular “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. E foi o que aconteceu. Levantam-se inúmeras críticas, com primazia na inconstitucionalidade contra este direito que está “para além” de fundamental. Cruza-se a linha ténue com outro vital direito, o da Dignidade da Pessoa Humana. E, por fim, colocam-se as grandes questões: não terão as pessoas direito a morrer de forma digna? E se em lugar de falarmos em direito à morte assistida, falássemos antes em melhores cuidados paliativos? O que há mais aqui é pano para mangas.

Constitucionalismo à parte, a realidade é que a despenalização foi aprovada. Pois o direito ao livre arbítrio, o direito a fazermos as nossas próprias escolhas de forma consciente, teve um grande peso na balança do legislador. Porém, é de sublinhar, a lei existe, mas ela não é obrigatória!

A decisão final pertence a cada um de nós, relembrando que o nosso corpo é apenas um mero invólucro de passagem por este mundo, sendo a nossa alma que responde perante Deus. E de acordo com a nossa crença, ele é que dá a vida e só ele tem o direito de a tirar.

Mas não podemos imputar a nossa crença a quem não está de espírito aberto para a receber, pelo que devemos aceitar a decisão de cada um. Evocando que, enquanto cristãos, também temos momentos de provação, dúvida e de fraqueza.

Todavia, não sejamos inoperantes. Num momento de escuridão, cabe-nos aconselhar e guiar para a luz aqueles que mais precisam. Só assim faremos a diferença aos olhos Daquele que escolheu morrer por nós.

Vamos ser Pedras Vivas!

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

MAIS RECENTES

XVIII Domingo do Tempo Comum

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede (Jo 6,24-35) Naquele...

Saciar a fome de infinito

«Para Jesus não é suficiente que as pessoas o procurem, Ele quer que elas o conheçam» Nestes últimos domingos, a liturgia mostrou-nos a imagem cheia...

XVII Domingo do Tempo Comum

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Distribuiu-os e comeram quanto quiseram (Jo 6,1-15) Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou...

Para que nada se perca!

«O Evangelho convida-nos a permanecer disponíveis e laboriosos, como aquele jovem que se dá conta de que tem cinco pães, e diz: “Ofereço isto,...

ARQUIVO

ARQUIVO (ÚLTIMOS NÚMEROS)